ROHATSU SESSHIN
Retiro da Iluminação de Buda.
Do dia 1º de Dezembro até o dia 08 de Dezembro a comunidade Zen Vale dos Sinos, pela primeira vez desde sua fundação no ano de 2007, teve as causas e as condições favoráveis que permitiram a realização desse retiro. Até então se fazia retiros de um dia(Zazenkai) ou de dois dias(um final de semana). Assim, foi um feito importante, representando um avanço na nossa história. Nossa comunidade é muito pequena e ficou ainda mais reduzida após a pandemia. Há alguns anos atras essas oscilações eram importantes para mim, a monja fundadora dessa comunidade orientada por Coen Roshi, pois eu media minhas competências pelo numero de praticantes.
A prática do zen tem sido para mim uma importante alavanca de maturidade, somado a uma inquietação que é da minha natureza em querer compreender o que se passa comigo e com o entorno. Talvez por isso mesmo consigo ressignificar alguns posicionamentos. Esse foi um deles, ou seja, promover esse retiro independente do numero de inscritos. E foram duas participações, duas mulheres praticantes do zen, uma delas que havia recebido os preceitos por mim no início do ano.
Diz-se que o Darma se protege, mas ele também me protege, como já percebi muitas vezes. Somente duas pessoas, e acima de tudo duas praticantes, foram a medida exata das minhas possibilidades. Estava convencida que era possível fazer somente o possível. Esse grupinho, sim, três já é um grupo, se fossem duas seria uma dupla, reuniu um conjunto de fatores que resultaram numa imersão profunda, mas muito leve e amorosa. Não foram necessárias muitas combinações e consignas. Havia uma cooperação mútua e a harmonia já se estabeleceu no segundo dia.
Nossa programação contou com nove sessões de zazen de 30 minutos intercalados por meditação caminhando (kinhin), samu , cerimônias e duas palestras por dia: Leituras e comentário do Denkoroku, de Mestre Keizan.
Apesar do tempo contadinho, foram dias de muita leveza e contentamento. Os animais da casa, três gatos e a cachorra Mina, felizes e sempre na volta. Ganharam mimos e petiscos. Até os passarinhos pareciam mais “barulhentos” com seus voos rasantes na piscina para se refrescarem. Reaprendi com uma das praticantes a abrir as janelas assim que levantar, o que eu já não fazia há muito tempo.
Nesse primeiro retiro longo na minha comunidade tomei o cuidado para reservar duas horas à tarde para atividades físicas. Na Casa-Templo tem uma piscina de 8×4, que de agora em diante durante os retiros de verão será um espaço de hidroginástica, assim como yoga, alongamento e caminhadas. Percebi que ficamos revitalizadas após as atividades físicas, somadas a uma boa alimentação, que ficou por minha conta. Eu cozinhava e as praticantes limpavam a cozinha. As vezes fazíamos um pouco de samu à noite, quando não conseguíamos dar conta durante o samu da manhã, pois o mais importante era o zazen, as refeições e a atividade física. Corpo e mente recebendo todos os cuidados necessário para o despertar dos Budas.
Nos últimos dias ouvi comentários lamentando que o retiro estava terminando e “Que pena!”.
A prática não tem início nem fim. Quando você pratica não tem perto nem longe e o caminho está sempre sob seus pés. Não existe nada que esteja fora do caminho. Mesmo que você não perceba, o caminho está ali. Remova os obstáculos para enxergar, ver, despertar para a mente iluminada !