Nossa História
Nossa história tem início no ano de 2007, com um “Zendô móvel” – todas às sextas-feiras, às 19h, montávamos um Zendô, com zafus (almofadas) e uma mesinha com a imagem de Buda, incenso, luz de vela e flor, num espaço cedido por uma academia de ioga. Fazíamos Zazen (meditação sentada) e em seguida recitávamos um sutra ou ouvíamos algum ensinamento.
Em 15 de fevereiro, mesma data do Parinirvana de Buda, do ano de 2008, inauguramos um espaço próprio. Vida-Morte – o Grande Assunto – nasce o Zen Vale dos Sinos, espaço onde a pequena Sanga passa a se reunir para fazer Zazen e alguns estudos. A iniciativa de fundar um espaço de prática Zen na cidade de São Leopoldo foi da praticante preceitada leiga Vânia Isabel Eckert, aluna de Mestre Moriyama Roshi. Vânia iniciou no caminho do Zen no ano de 2002, no Via Zen. Recebeu os preceitos budistas no ano de 2004, e o nome budista Seigan Kokai, que foi escolhido por Monja Zuiten, na época monja residente no Via Zen, assistente do mestre Moriyama Roshi.
Sei: Religioso/Espiritual
Gan: Voto/desejo
Ko: Ilimitado/Amplo
Kai: Oceano
Seigan Kokai: Oceano Ilimitado de Votos.
Em 2008, Monja Coen Roshi vem abençoar o espaço – a Broto-Sanga, como carinhosamente chamávamos, uma pequena comunidade nascendo. Nessa época, Kokai San iniciava a costura da okesa, o manto de Buda, preparando-se para sua ordenação monástica.
Assim, a história de Kokai no caminho do Zen é também a história do Zen Vale dos Sinos.
Ainda no ano de 2004, Monja Zuiten adoece e retorna para a Alemanha, falecendo no ano de 2007.
Moriyama Roshi retorna para o Japão em 2005, mas, antes de voltar, ele entrega aos cuidados de Monja Coen Roshi seus alunos aqui no Brasil, em especial a Sanga do Via Zen. Com a proximidade de Monja Coen Roshi, abre-se a possibilidade de ordenações monásticas. Assim, Monja Kokai é a primeira mulher a ser ordenada monja no Rio Grande do Sul, pela Ordem Soto Zen do Japão, no ano de 2009.
A comunidade, já instalada em sede própria, em sala alugada no centro da cidade, recebe a visita de Moriyama Roshi em novembro de 2009, que veio ao Brasil visitar seus discípulos.
Inicialmente, a intenção era fundar um centro de prática vinculado ao Via Zen, na cidade de São Leopoldo. Este projeto acaba não evoluindo e transformou-se no Zen Vale dos Sinos. Sua fundadora, Monja Kokai, prossegue em sua formação junto a sua mestra, indo com frequência para São Paulo, ao Templo Tenzuizenji, receber treinamento. Eram dois treinamentos anuais, no inverno e no verão, idas para participar de eventos como discípula de Monja Coen Roshi, bem como reunir-se com outros monges e monjas, com outros professores, além de retiros e treinamentos em outros templos e mosteiros.
No dia 04 de julho de 2015, em Mogi das Cruzes/SP, acontece o Combate do Darma – Cerimônia Hossen Shiki de Monja Kokai, no Templo Zengenji. Foi oficiada pelo Abade Koshu Sato Sensei, com a presença das principais lideranças do Zen no Brasil e América Latina – o superintendente Saikawa Roshi e Monja Coen Roshi. A comunidade zen-budista de leigos e leigas, monges e monjas, também se fez presente. Esta cerimônia faz parte da formação de monásticos, marcando a passagem do noviciado para shussô (líder dos monges e monjas). É uma cerimônia pública onde o postulante a shussô é sabatinado para avaliar sua maturidade para esta função. As pessoas presentes na cerimônia, leigos e leigas, monges e monjas, assim como as lideranças presentes, fazem perguntas sobre o Darma ao aspirante a shussô com o propósito de avaliar seu grau de compreensão do Darma e sua maturidade para avançar para uma nova etapa na formação.
A discípula recebe a transmissão da mestra em setembro de 2017, no Templo Tenzuizenji, em São Paulo.
Em junho de 2019, Monja Kokai Sensei, acompanhada de sua mestra, vai ao Japão, realizar Zuise. Depois da transmissão, o discípulo transmitido tem até dois anos para realizar Zuise, que é ir para o Japão, acompanhado de seu mestre/a e comparecer nos dois mosteiros sedes – Sojiji e Eiheiji –, os procedimentos são praticamente os mesmos para ambos os mosteiros, salvaguarda alguns detalhes das cerimônias que deverão ser oficiadas. A preparação para o Zuise é intensa, o que implica em planejar desde a viagem até os agendamentos nos mosteiros, que recebem transmitidos de mestres e mestras vinculados à Ordem do mundo inteiro. Zuise é um rito de passagem, onde o monge/monja permanece por volta de 20 horas em cada mosteiro sede, simbolicamente ocupando o lugar de abade/abadessa por esse período de tempo. Nesse período, após os procedimentos iniciais com a administração e tesouraria onde faz o acerto financeiro – 50000 iens, hoje R$ 2.700,00, e é encaminhado para o interior do mosteiro, para aposentos onde ficará incomunicável. Irá descansar, se alimentar e se preparar para ser acordado de madrugada e dar início a uma série de cerimônias que deverá oficiar, nos diferentes espaços dos mosteiros sede. São nestes mosteiros fundantes da Ordem Soto-shu onde estão as relíquias de seus fundadores, sendo uma honra incomensurável poder reverenciar frente aos fundadores. Ao final, recebe-se diretamente dos abades, ou dos que os representam, documentos que certificam que agora você é uma/um Sensei reconhecido pela Ordem, com autorização para oficiar cerimônias e liturgias, bênçãos, casamentos e funerais.
Em meados de 2018, a residência de Monja Kokai Sensei passa por uma reforma para ser adaptada para receber praticantes em retiros e Zazenkai (retiro de um dia), passando a ser uma casa/templo, com estrutura para acomodar até 15 pessoas. A casa/templo já havia recebido a visita de Monja Coen Roshi para abençoar esse espaço em dezembro de 2016.
A comunidade passou a ter dois espaços de prática. Com a pandemia, porém, o local que ficava localizado no centro da cidade precisou encerrar as atividades, pois já não havia sentido o investimento para mantê-lo devido a impossibilidade de encontros presenciais. O Zen Vale dos Sinos passou então a concentrar suas atividades na casa/templo, residência de Monja Kokai Sensei.